Trajetória do cinema egípcio: das origens aos dias atuais
O cinema é um dos pilares fundamentais da vida cultural no Egito. Os egípcios adoram ir ao cinema ou assistir a filmes pela televisão. Há, inclusive, canais nacionais que exibem produções egípcias 24/7.
Surgimento do cinema no Egito
A data oficial do nascimento do cinema no mundo é 28 de dezembro de 1895. No Egito, os primeiros filmes estrangeiros começaram a ser exibidos já no ano seguinte, em 1896. A tecnologia de projeção e os rolos de filme chegaram por via marítima ao antigo porto da cidade de Alexandria. Em 1908, havia cinco cinemas no Cairo, três em Alexandria.
Em 1908, o país já contava com cinco salas de cinema no Cairo, três em Alexandria e uma em cada uma das cidades de Port Said, Assiute e Mansoura. Pouco tempo depois, os autores estrangeiros das produções exibidas passaram a filmar registros documentais e jornalísticos no próprio Egito.
Desse modo, para ver as pirâmides ou fazer um passeio pelo rio Nilo, já não era necessário viajar ao país — bastava comprar um ingresso de cinema.
Estúdio egípcio e o primeiro filme sonoro nacional
Em 1925, foi inaugurado no Cairo o primeiro estúdio cinematográfico nacional, marcando o início de uma produção sistemática de filmes no Egito. Em 1932, o país lançou um de seus primeiros filmes sonoros: "Filhos de Famílias Nobres". A partir daí, consolidou-se uma nova tendência no cinema egípcio — quase todas as produções passaram a incluir elementos musicais.
As canções dos filmes ganharam grande popularidade, impulsionando a fama de intérpretes e compositores em todo o mundo árabe. Entre os destaques desse movimento está Mohammed Abdel Wahab, renomado por sua abordagem inovadora ao combinar o estilo clássico árabe com influências da música europeia.
Revolução de Julho de 1952: mudanças na indústria cinematográfica
A Revolução de 1952 trouxe uma série de transformações estruturais no setor audiovisual. Foi criada, por exemplo, a Organização Nacional para o Fortalecimento e Desenvolvimento da Cinematografia. Além disso, as relações entre produtores, distribuidores e proprietários de salas de cinema passaram a ser regulamentadas por lei.
Anos 1990: o cidadão comum ganha protagonismo nas telas
A década de 1990 marcou uma nova fase no cinema nacional egípcio. A relativa estabilidade externa permitiu que os diretores direcionassem sua atenção ao cotidiano das pessoas comuns. Os filmes passaram a retratar histórias como se o protagonista fosse um vizinho qualquer. As narrativas, assim, tornaram-se mais próximas do público. Essa fase ficou marcada por uma geração de grandes atores, como Nour El-Sherif, Lebleba, Ahmed Zaki e Mahmoud Abdel Aziz.