A enorme contribuição dos cientistas africanos na luta contra a COVID-19
O lado positivo da pandemia de COVID-19 na África foi a rápida expansão da vigilância genômica em todo o continente e a maneira como isso permitiu que os cientistas locais descrevessem a introdução e a disseminação de variantes em tempo real.
Um estudo publicado esta semana na revista Science destaca a capacidade da vigilância genômica da África de dar um alerta precoce de infecções por meio da descoberta de novas linhagens e variantes, em particular, da variante beta e das diversas subvariantes da ômicron. Os resultados do estudo indicam também que a maioria das variantes da COVID na África foram trazidas do estrangeiro.
O estudo foi liderado pelos dois laboratórios que estabeleceram a rede de vigilância genômica na África do Sul, o Kwazulu-Natal Research Innovation and Sequencing Platform (KRISP) na Universidade de Cuazulo-Natal e o Center for Epidemic Response and Innovation (CERI), na Universidade de Stellenbosch, em estreita colaboração com o Centro Africano de Controle de Doenças, a divisão africana da Organização Mundial da Saúde (OMS) e 300 outras agências em todo o continente.
As primeiras ondas de infecções na África foram causadas principalmente por numerosas introduções de linhas virais vindas do exterior, principalmente da Europa. A variante alpha, que apareceu na Europa no final de 2020, causou infecções em 43 países com sinais de transmissão comunitária em Gana, Nigéria, Quênia, Gabão e Angola.
No que diz respeito a variante delta, a maior parte da introdução ocorreu através da Índia (72%), da Europa continental (8%), do Reino Unido (5%) e dos Estados Unidos (2,5%). As introduções de vírus delta também ocorreram entre países africanos.
No que diz respeito à ômicron, os resultados científicos indicam um grande número de reintroduções desta variante de volta à África. As informações são da Pretoria News, parceira da rede TV BRICS.
"A publicação destaca que o investimento contínuo para diagnóstico e vigilância genômica na África era necessário não só para combater a infecção por coronavírus no continente, mas também para estabelecer uma plataforma de enfrentamento às ameaças emergentes de doenças infecciosas endêmicas, como o ébola, o HIV/Aids, a tuberculose e a malária. Esses investimentos são cruciais para a preparação e resposta à pandemia e servirão à saúde do continente até o século 21”, afirmou o Dr. Yenew Kebede, chefe interino de vigilância de doenças e coleta de informações do Centro Africano de Controle de Doenças.
"O enorme salto que a África deu na vigilância genômica nos últimos dois anos é um lado positivo da pandemia de COVID-19", disse Matshidiso Moeti, diretor regional da OMS para a África.
"Agora, o continente está mais bem equipado para lidar com patógenos antigos e novos. Este é um exemplo de como podemos alcançar mudanças de longo prazo e estar um passo à frente de doenças perigosas", acrescentou.
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