14.09.20
11:33
Sociedade
Antártida é o único continente sem registro de Covid-19
A Antártida é atualmente o único continente sem qualquer caso positivo do novo coronavírus, onde a população convive sem máscaras e assiste ao desenrolar da pandemia a milhares de quilômetros de distância.
Neste momento, enquanto perto de um milhar de cientistas e outros profissionais que trabalham naquele território estão a ver o sol pela primeira vez em semanas ou meses, há uma mobilização geral para tentar assegurar que os novos colegas que estão prestes a chegar não trazem o vírus com eles, informa o repórter de tvbrics.com com referência à Lusa.
A partir da estação de pesquisa britânica “Rothera Research Station”, na península da Antártida que se estende em direção ao extremo da América do Sul, o guia de campo Rob Taylor explicou à Associated Press (AP) como é viver no que descreve como: “a nossa pequena bolha segura”.
“Em geral, a liberdade que hoje temos é maior que a dos habitantes do Reino Unido no auge do confinamento”, afirmou Taylor, que chegou à Antártida em outubro e passou, por isso, completamente ao lado da pandemia. “Podemos esquiar, socializar normalmente, correr, ir ao ginásio, fazer tudo dentro do razoável”, acrescentou.
Com a covid-19 a agitar algumas relações diplomáticas, os 30 países que integram o Conselho de Gerentes de Programas Antárticos Nacionais (COMNAP, do inglês Council of Managers of National Antarctic Programs) articularam-se atempadamente para manter o vírus longe, com um intenso trabalho de equipa entre os Estados Unidos, a China, a Rússia e outros membros.
Enquanto o mundo iniciava, assustado, em março, o confinamento, os Programas Antárticos concordaram que a pandemia poderia vir a causar ali um verdadeiro desastre. Com os ventos mais fortes e as temperaturas mais baixas do mundo, o continente – cuja dimensão é semelhante à dos Estados Unidos e do México, é já suficientemente perigoso para os trabalhadores das 40 bases permanentes ali existentes.
Sendo a Antártida apenas acessível através de um reduzido número de corredores aéreos ou por via marítima, “é preciso fazer tudo, no imediato, para evitar que o vírus chegue ao continente”, lê-se no relatório, que determina o fim do contacto com turistas e do desembarque de navios de cruzeiro.
Já relativamente às equipas da Antártida sediadas em localizações próximas, a COMNAP avisa: “as visitas mútuas e os eventos sociais entre estações/instalações deve acabar”. E, embora os trabalhadores na Antártida estejam há muito treinados na lavagem frequente das mãos e na etiqueta respiratória, a COMNAP acrescenta: “Não toquem na face”.