BRICS e Sudeste Asiático: revelando oportunidades econômicas por meio da cooperação estratégica
Aspectos econômicos
A atratividade em termos econômicos do BRICS é o principal motivador do interesse dos países do Sudeste Asiático. O BRICS, que atualmente é composto por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Irã, Egito, Etiópia, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, representa uma parte significativa da economia mundial e oferece um vasto mercado para produtos e serviços do Sudeste Asiático. O produto interno bruto (PIB) total do grupo é cerca de metade da economia mundial e espera-se que sua influência cresça à medida que seus membros se expandem.
Os países do BRICS respondem por cerca de 30% da área terrestre da Terra e 45% da população mundial. A África do Sul é a maior economia da África, enquanto o Brasil, a Rússia, a Índia e a China estão entre as 10 maiores economias do mundo em termos de população, área territorial e PIB, tanto nominal quanto em paridade de poder de compra (PPC). A maioria dos membros faz parte do G20 e seu PIB nominal combinado é de US$ 28 trilhões (R$ 156 trilhões), equivalente a 27% da economia mundial. Seu PIB combinado (PPP) é de cerca de US$ 57 trilhões (R$ 319 trilhões), representando 37,3% do PIB mundial em PPP, e suas reservas estrangeiras totais são estimadas em US$ 4,5 trilhões (R$ 25 trilhões).
Oportunidades de comércio e investimento
O BRICS oferece aos países do Sudeste Asiático a oportunidade de diversificar seus parceiros comerciais e de investimento. Países como Indonésia, Malásia, Vietnã, Tailândia e Filipinas estão interessados em entrar nesses mercados, especialmente na China e na Índia, que são os principais impulsionadores do crescimento econômico global. A Parceria Econômica Regional Abrangente (RCEP, na sigla em inglês), que inclui vários membros do BRICS, já oferece uma base para maior integração comercial, tornando o BRICS uma proposta atraente para mais cooperação econômica.
Desenvolvimento de infraestrutura
O Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) estabelecido pelo BRICS é outro recurso importante. Ele fornece financiamento para projetos de desenvolvimento sustentável e de infraestrutura que podem beneficiar significativamente o Sudeste Asiático. Por exemplo, a Indonésia e a Malásia poderiam usar os fundos do NBD para aprimorar sua capacidade de infraestrutura, aumentar a conectividade e o acesso aos mercados regionais.
Fortalecimento da influência política
Ao ingressar no BRICS, os países do Sudeste Asiático podem fortalecer sua voz no cenário mundial, influenciando as decisões tomadas em fóruns internacionais.
Cooperação e estabilidade regional
O BRICS também oferece aos países do Sudeste Asiático uma plataforma para cooperação em questões regionais, incluindo segurança, preocupações ambientais e desenvolvimento sustentável. O Fórum Regional da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN, na sigla em inglês) tem sido tradicionalmente o principal local para essas discussões, mas o BRICS poderia se tornar um espaço adicional e mais influente em nível global.
Fatores geopolíticos
As implicações geopolíticas da participação no BRICS são particularmente importantes para os países do Sudeste Asiático. A localização estratégica da região, que conecta os oceanos Pacífico e Índico, faz dela um ponto focal para a dinâmica do poder global.
Parcerias estratégicas
A adesão ao BRICS pode fortalecer as parcerias estratégicas dos países do Sudeste Asiático, especialmente com a China e a Índia, os dois maiores parceiros comerciais da região. Essa associação pode ajudá-los a navegar no cenário geopolítico do Indo-Pacífico.
Perspectivas nacionais individuais
Indonésia
A Indonésia, como a maior economia do Sudeste Asiático, revelou interesse no BRICS. As chances de o país se tornar membro do grupo econômico do BRICS aumentaram, e é provável que uma decisão seja tomada durante o próximo mandato do presidente recém-eleito.
Vietnã
O Vietnã está interessado em participar do BRICS, considerando os benefícios econômicos e políticos que o grupo oferece. A posição oficial do país no momento é que ele está pronto e disposto a participar ativamente de organizações e grupos de cooperação globais, inter-regionais e regionais. Além disso, o país está fortalecendo os laços econômicos com os países do BRICS, especialmente com a China e a Rússia, e está buscando expandir a cooperação no desenvolvimento de infraestrutura e na troca de tecnologia. A participação do Vietnã na Iniciativa Cinturão e Rota (BRI, na sigla em inglês) contribui ainda mais para sua possível adesão ao BRICS.
Filipinas
O interesse das Filipinas de participar do BRICS é, em grande parte, motivado por considerações econômicas, principalmente o desejo de aumentar o comércio e os investimentos com os países do grupo, especialmente com a China.
Tailândia
A Tailândia expressou a intenção de entrar para o BRICS ao enviar uma solicitação formal de adesão ao grupo, enfatizando o potencial de cooperação econômica e estabilidade regional. Os fortes laços econômicos do país com a China, um dos principais membros do BRICS, fazem dele um candidato óbvio para participar. A ativa atuação da Tailândia em iniciativas relacionadas ao BRICS, como a BRI, enfatiza seu desejo de estreitar a cooperação com o grupo.
Malásia
A Malásia explora os motivos da adesão ao BRICS, com foco nas oportunidades econômicas e na cooperação regional. O país está estreitando os laços comerciais e de investimento com os países-membros da associação, especialmente com a China, e está participando de iniciativas relacionadas ao BRICS. A posição estratégica da Malásia no mar da China Meridional e seu papel na BRI aumentam ainda mais suas perspectivas de participação no BRICS.
Além disso, o primeiro-ministro da Malásia, Anwar Ibrahim, aceitou um convite para participar da próxima cúpula do BRICS em Kazan, de 22 a 24 de outubro, e a Malásia solicitou formalmente sua adesão ao BRICS em julho de 2024.
O interesse crescente dos países do Sudeste Asiático em participar do grupo BRICS reflete sua crescente influência econômica e política. Os possíveis benefícios da integração ao BRICS, incluindo o aumento do comércio, dos investimentos e da influência política, são fatores significativos por trás desse interesse.
Contribuíram com o artigo Duane Dizon, especialista em comunicação estratégica e de crise da Associação Internacional de Economia Digital (iDEA, na sigla em inglês), Aleksander Titov, secretário-geral adjunto da iDEA, Cristina Amor Maclang, secretária-geral e cofundadora da iDEA, e Oliver Nalevanko, gerente de negócios internacionais da iDEA.
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