Cientistas argentinos descobrem substância capaz de regenerar neurônios
Uma equipe de cientistas do Instituto de Pesquisas Bioquímicas de Bahía Blanca, na Argentina, descobriu uma substância chamada β-hidroxibutirato, que pode reduzir defeitos no desenvolvimento neuronal causados por mutações no gene PTEN. Esse gene é responsável pela codificação de uma proteína essencial para o controle das funções celulares. Mutações no gene PTEN foram identificadas em pacientes com transtornos do espectro autista (TEA), conforme relatado pela BRICS Lat, parceira da TV BRICS.
O β-hidroxibutirato é produzido durante a dieta cetogênica, caracterizada por um baixo consumo de carboidratos e alto teor de gorduras e proteínas.
Nos experimentos, os cientistas utilizaram o verme microscópico Caenorhabditis elegans, que possui um gene análogo ao PTEN, o DAF-18. Quando esse gene sofre mutações, o desenvolvimento e a função dos neurônios gabaérgicos — responsáveis por equilibrar excitação e inibição no cérebro — são comprometidos. Alterações nesses processos estão associadas a distúrbios neurológicos, como os sintomas típicos do TEA.
No entanto, após a aplicação do β-hidroxibutirato nos vermes com a mutação no gene DAF-18, observou-se a normalização da estrutura e da função dos neurônios inibidores, mesmo com a presença da mutação genética. A conclusão dos cientistas é de que uma simples intervenção metabólica, como a dieta cetogênica, pode restaurar o equilíbrio das células nervosas, mesmo diante de defeitos genéticos significativos.
Essa descoberta abre novas possibilidades para o desenvolvimento de tratamentos para o TEA. No entanto, mais estudos, especialmente em mamíferos, são necessários para avaliar a relevância clínica dessa substância.
Os resultados representam um avanço significativo nas neurociências e ampliam as perspectivas de pesquisa sobre tratamentos para transtornos do espectro autista.
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