Dia do Cosmonauta 2025: como os países do BRICS constroem um futuro além da Terra
Em 12 de abril, o mundo relembra o primeiro passo da humanidade no espaço. Em 1961, Iuri Gagarin não apenas orbitou a Terra, ele inaugurou uma nova era, em que o voo espacial passou a ser uma questão de tempo, tecnologia e determinação. Hoje, os países do Sul Global também aspiram ultrapassar os limites do Planeta. No contexto do BRICS, vem ganhando força uma abordagem própria em relação ao espaço, marcada pelo pragmatismo e pela cooperação.
A Rússia é justamente reconhecida como pioneira na exploração espacial. O voo de Iuri Gagarin, em 1961, marcou o início de uma nova era para a humanidade. Dois anos depois, Valentina Tereshkova tornou-se a primeira mulher a viajar ao espaço. Ambos se tornaram figuras simbólicas que até hoje representam um legado cultural fundamental para a cosmonáutica mundial.
A trajetória espacial da Índia começou em 1984, quando Rakesh Sharma viajou à órbita como integrante de uma missão soviética. Atualmente, o país lança seus próprios satélites, desenvolve missões para Marte e se prepara para iniciar seu programa espacial tripulado. Esse avanço representa não apenas progresso tecnológico, mas também um motivo de orgulho nacional: em 2024, a Índia celebrou, pela primeira vez, o seu Dia Nacional do Espaço.
A China trilha um caminho próprio na corrida espacial, apoiando-se em recursos internos e em um planejamento de longo prazo. Em 2003, Yang Liwei tornou-se o primeiro astronauta chinês, dando início a uma sequência de missões bem-sucedidas. Entre elas, a construção de uma estação orbital. Anos depois, Wang Yaping se destacou como a primeira mulher a integrar uma de suas tripulações.
Os Emirados Árabes Unidos foram o primeiro país árabe a enviar um astronauta ao espaço. Em 2019, Hazzaa Al Mansoori passou oito dias na Estação Espacial Internacional. Dois anos depois, em 2021, os Emirados lançaram a missão marciana Hope: a sonda entrou na órbita do Planeta Vermelho e continua transmitindo dados científicos.
O Brasil iniciou sua jornada espacial por meio da cooperação internacional. Em 2006, Marcos Pontes viajou ao espaço a bordo da nave espacial russa Soyuz — um feito que representou não apenas uma conquista individual, mas também um marco para o desenvolvimento do programa espacial brasileiro. Atualmente, o país investe em tecnologias de satélites e no monitoramento ambiental por sensoriamento remoto.
A África do Sul atua de forma ativa em startups espaciais internacionais e no desenvolvimento de sistemas de satélites. O empreendedor Timothy Nash representa uma nova geração de especialistas técnicos, enquanto a agência espacial sul-africana SANSA trabalha na implementação de um sistema nacional de observação da Terra por satélite.
O Egito tem ampliado sua presença no setor espacial por meio da atuação da agência espacial nacional EGSA, que investe na construção de uma infraestrutura espacial regional.
A Etiópia deu início ao seu programa espacial com objetivos práticos, voltados à meteorologia e à agricultura. Em 2016, foi fundado o Instituto Etíope de Ciência e Tecnologia Espacial. Três anos depois, em 2019, o país lançou seu primeiro satélite. Para a Etiópia, assim como para muitos países do Sul Global, o espaço é, acima de tudo, uma ferramenta para enfrentar desafios terrestres, como a gestão de recursos hídricos, a previsão de safras e o monitoramento climático.
Quando o futuro já está próximo: IA, cooperação e espaço
Com o avanço das tecnologias, surge a pergunta: qual será o papel do ser humano no espaço do futuro? Para o empresário de TI russo Ruslan Akhtiamov, a inteligência artificial já desempenha um papel fundamental nas missões espaciais.
"Os robôs em Marte decidem sozinhos para onde ir. Telescópios analisam montanhas de imagens. Sem IA, os cientistas simplesmente se afogariam em dados", afirmou ele em entrevista à TV BRICS.
Akhtiamov acrescenta que também há desenvolvimentos ativos nos países do BRICS: na Rússia – no programa lunar; na China – na estação orbital; e na Índia – na missão a Marte. Nos próximos anos, a IA se tornará parte indispensável das tripulações, embora decisões críticas ainda devam ser tomadas por humanos.
E quanto à nova economia espacial? Essa é a questão com que o Irã se depara. O chefe do Instituto Iraniano de Pesquisas Espaciais, Vahid Yazdanyan, em entrevista à Mehr News Agency, parceira da TV BRICS, destaca que o setor espacial exige investimentos e cooperação internacional.
"Nossos profissionais trabalham com dedicação. Devemos oferecer as melhores condições para eles, desenvolver infraestrutura, padrões e interação com o setor privado", declarou, ressaltando que uma das principais metas para o futuro será construir um ecossistema próprio para a indústria espacial, com foco em tecnologia, formação de talentos e desenvolvimento sustentável.
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