Fábio Borges: Rússia é importante para o BRICS por seu poder econômico e político
Fábio Borges, Professor na Universidade Federal da Integração Latino-americana (UNILA), Curador do BRICS na Coordenadoria de Estudos da Ásia (CEÁSIA) da Universidade Federal de Pernambuco, em uma entrevista à TV BRICS contou sobre a presidência russa no BRICS e a influência dos novos membros da aliança no Sistema Internacional.
O que podemos esperar da atual presidência russa do BRICS?
BRICS é importante para a Rússia como um instrumento de defesa do diálogo e da paz e a Rússia é importante para o BRICS por seu poder econômico e político no. Então espera-se um período muito ativo e dinâmico do grupo sob a liderança de uma país protagonista nas relações internacionais.
Para o Brasil e demais países membros do bloco, o que pode parecer mais importante na agenda?
A defesa de um mundo em paz e do multilateralismo para construir um Sistema Internacional mais estável e colaborativo. Na agenda, os temas centrais são o desenvolvimento econômico e social dos países emergentes e pobres com especial atenção as mudanças climáticas. Além da cooperação econômica através do Novo Banco de Desenvolvimento do BRICS, podemos vislumbrar colaboração nas áreas de energia limpa, tecnologias verdes, no âmbito cultural (por exemplo, a TV BRICS), na saúde, entre outras.
Com a entrada de novos membros, quais oportunidades se abrem para o BRICS e quais dificuldades podem surgir?
A ampliação do grupo demonstra que ele gera interesse e tem importância crescente no Sistema Internacional. Fortalece o grupo economicamente e politicamente essa ampliação criando maior representatividade e diversidade dentro do grupo. Apesar do convite ter sido feito a seis novos membros, Argentina preferiu não aderia ao grupo. Essa diversidade e ampliação dificultarão os consensos, especialmente em temas culturais, porque países como Arábia Saudita e Emirados Árabes tem perfis mais conservadores. Também o tema das energias limpas poderá ser um desafio, pois são países de matrizes energéticas bastante dependentes do petróleo.
Como as diferenças entre os países membros – geográficas, culturais, religiosas – podem afetar a realização dos objetivos comuns do BRICS? Quais são esses objetivos?
O grupo já nasceu muito heterogêneo e diverso, mas certamente com dez membros isso se ampliará. Do ponto de vista geográfico trata-se de países de dimensões distintas, mas em geral países grandes territorialmente e populacionalmente. Há um certo equilíbrio com representantes de vários continentes. Sobre a cultura e religião poderá haver divergências consideráveis entre os dez membros, mas também poderá haver um maior conhecimento mútuo fomentando a admiração e complementariedades entre essas nações com histórias riquíssimas. O objetivo central é construir um Sistema Internacional mais estável, democrático e justo.
Fotografia: Universidade Federal da Integração Latino-americana