14.04.20
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Sociedade
Pesquisador brasileiro conta como superou isolamento na Antártica
Win Degrave é pesquisador da Fiocruz (Instituto Oswaldo Cruz) e coordenador da Fioantar junto ao CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). A FioAntar é o projeto de pesquisa da Fiocruz na Antártica, na base brasileira de Comandante Ferraz. O pesquisador conta ao R7 como lidar com as dificuldades em um lugar não habitado e, principalmente, com o isolamento.
Dicas importantes em tempo de isolamento social para combater o coronavírus no país. Assim como todos que estão trancados em casa, o contato com a família é fundamental para lidar com o longo período de pesquisas no distante continente gelado. “Tínhamos um chip que permitia conversar com as pessoas no Brasil tranquilamente, o que nos dava uma sensação de proximidade, mas no navio durante a expedição para pesquisa, a comunicação era praticamente inexistente, foi uma semana mais difícil”, diz Degraves. Para o pesquisador, além da comunicação, que pode ser feita por telefone, por aplicativos do celular ou por teleconferência no computador, também é preciso se preocupar em manter a capacidade produtiva e as atividades físicas. “Importante manter o corpo ativo, assim como manter a rotina, se sentir útil e produtivo, não podemos deixar que a quarentena tire a cor do dia”, orienta o pesquisador brasileiro. Os profissionais que se aventuram em uma expedição para a Antártica contam com uma infraestrutura que ajuda a manter o corpo saudável. “No navio até a Antártica, fazíamos exercícios com o pessoal da Marinha, na base tínhamos uma sala usada para as atividades físicas”, lembra o pesquisador. Para chegar ao continente gelado, a equipe de pesquisadores passou primeiro por um treinamento intenso com a equipe da Marinha, além de acompanhar palestras sobre sobrevivência em meio ao gelo, informa o repórter de tvbrics.com com referência ao R7.
A Base Comandante Ferraz foi destruída por um incêndio em 2012 e, após passar por uma reconstrução, foi reinaugurada em janeiro deste ano. Como o pesquisador da Fio Cruz desembarcou antes da conclusão das obras, ficou junto com sua equipe hospedado em um módulo de emergência. “Ali convivemos com os engenheiros chineses, que não falavam português, nem inglês e dividimos um espaço relativamente pequeno”, conta Degrave.
Uma das memórias desse primeiro contato com o novo local de trabalho foi a dificuldade de se comunicar, pesquisadores, engenheiros e militares tiveram até que recorrer a mímica. “Foi até divertido e foi bom conhecer outras pessoas, diferentes culturas.”
Ao longo dos quatro anos de duração do projeto, os pesquisadores irão estudar vírus, bactérias, fungos, líquenes e microbactérias e helmintos, que podem estar presentes nos animais que vivem ou circulam pela região, nas águas, nos solos, nas rochas e ainda no permafrost, que é um tipo de solo encontrado na região do Ártico e formado por terra, gelo e rochas que estão permanentemente congelados.
Photo: pixabay.com