Reitor da UFRJ propõe mobilidade trilateral entre universidades do BRICS+
A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) sediou a 2ª edição do Fórum de Reitores das Universidades do BRICS+, evento que reuniu, ao longo de dois dias, mais de 300 participantes — entre acadêmicos, autoridades governamentais e representantes da comunidade científica. Durante o encontro, foram assinados 60 novos acordos de cooperação entre universidades brasileiras e estrangeiras nas áreas acadêmica, científica e cultural.
Os debates abordaram linhas temáticas para o desenvolvimento sustentável e inclusivo dos países do grupo. Entre os principais tópicos estiveram: políticas linguísticas, os impactos da inteligência artificial na educação, a transição energética com foco em sustentabilidade, a cooperação universitária nas áreas de saúde e bem-estar, além de estratégias conjuntas para o enfrentamento da pobreza.
Em comentário exclusivo à TV BRICS, o reitor da UFRJ, Roberto Medronho, destacou o potencial do Brasil no campo da matriz energética e ressaltou as oportunidades de ampliar a cooperação com os países do BRICS, enfatizando que esse conhecimento já vem sendo aplicado internacionalmente.
"Nós temos no Brasil uma matriz energética extremamente limpa, uma das mais limpas do mundo. Assim, podemos também compartilhar nossa expertise e apresentar soluções inovadoras na área da transição energética, [algo] que a China já está implementando", afirmou.
Medronho também confirmou a assinatura de diversos acordos de cooperação, incluindo parcerias com universidades da Indonésia, o mais novo membro pleno do BRICS. Um dos destaques é um acordo de mobilidade acadêmica internacional, que permitirá a estudantes cursar parte da formação em diferentes países do grupo e obter um diploma triplo.
"[...] estamos criando um mestrado em economia digital, em que o aluno estudará na Universidade de Pequim, na Universidade Lomonosov e na Universidade Federal do Rio de Janeiro — as três maiores universidades federais desses três países. Nós teremos um pool de alunos que ficarão um período na China, um período na Rússia e um período no Brasil", explicitou.
O ministro da Educação, Camilo Santana, que também participou da cerimônia de abertura, enfatizou o papel do fórum como um instrumento de fortalecimento do BRICS e de ampliação da influência dos países do Sul Global na governança internacional.
"Os [países do] BRICS estão no mundo para somar. E quando se trata de relações acadêmicas, a diversidade é também um atributo para expandir o potencial e a qualidade. Diversificar parcerias é uma chave para reduzir nossas dependências", declarou o ministro.
Ao final do encontro, os participantes elaboraram uma declaração conjunta de compromisso para os períodos de 2025 a 2027 (curto prazo) e de 2027 a 2030 (longo prazo). O documento propõe a criação de um catálogo de bolsas universitárias e a estruturação de um Fundo de Cooperação Acadêmica do BRICS, com o objetivo de financiar parcerias e estimular a inovação no ensino superior entre os países-membros da associação.
Fotografias: Fábio Caffé / SGCOM/UFRJ