Resposta conjunta aos desafios globais: BRICS une esforços contra epidemias
Riscos de epidemias
Uma nova pandemia pode surgir a qualquer momento, e economias e sistemas de saúde precisam estar preparados. Em abril de 2025, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, destacou que não se trata de um risco teórico, mas de uma ameaça real.
Em dezembro de 2021, a OMS informou que, em 2022, os países-membros iniciariam discussões sobre um acordo global de combate à pandemia do coronavírus, prevendo respostas rápidas a epidemias futuras. A votação final, inicialmente prevista para maio de 2024, foi adiada por um ano devido a divergências sobre alguns artigos.
Especialistas ressaltam que enfrentar ameaças epidemiológicas só é possível com ação conjunta. A experiência da covid-19 mostrou que nenhum país consegue conter vírus sozinho: eles atravessam fronteiras rapidamente e podem se espalhar pelo mundo em poucos dias.
Os custos financeiros para os Estados devido à perda de produtividade e à deterioração da saúde pública são enormes. Por exemplo, durante a pandemia de covid-19, o PIB mundial caiu 2,8% em 2020, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), representando a segunda queda global desde a Segunda Guerra Mundial. A primeira ocorreu em 2009, quando o PIB mundial recuou 0,1%.
A importância da cooperação internacional em saúde foi destacada na declaração final da XVII cúpula do BRICS, realizada no Rio de Janeiro.
"Reconhecendo a natureza interconectada dos desafios globais da saúde e suas implicações transfronteiriças, reafirmamos nosso compromisso com o fortalecimento da governança global da saúde, aprimorando a cooperação e a solidariedade internacionais", afirma o documento.
Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Vacinas do BRICS
A necessidade de um combate coordenado contra vírus surgiu em 2018, quando a África do Sul propôs a criação do Centro BRICS de Pesquisa e Desenvolvimento de Vacinas. O centro foi inaugurado em 2022 como um espaço unificado para pesquisa, intercâmbio de experiências, desenvolvimento e testes.
"O centro hoje é uma realidade, com laboratórios dos cinco países fundadores trabalhando juntos. O objetivo é garantir distribuição justa de vacinas globalmente, combinando tecnologia, infraestrutura científica e compromisso com a saúde global", destacou Luisa Calvett Costa, especialista da TV BRICS em desenvolvimento sustentável e diplomacia em saúde.
Cada país do BRICS também atua de forma independente. Shahed Zandiehrad, gerente de Relações Internacionais da Universidade de Ciências Médicas do Irã, afirmou em comentário exclusivo à TV BRICS que a China e a Índia utilizam big data e telemedicina, enquanto o Brasil foca na cobertura universal de saúde (CUS), um sistema em que todas as pessoas têm acesso a serviços de saúde de qualidade sempre que necessário.
A África do Sul realiza vigilância genômica, monitorando o perfil genético de patógenos e analisando as informações genéticas de bactérias e vírus para compreender seu comportamento e padrões de disseminação.
"O Irã, por sua vez, fortaleceu a rede de saúde pública, especialmente em áreas rurais, e implementou técnicas de triagem digital durante a pandemia de covid-19", acrescentou o especialista.
Vacinas do BRICS
Entre as vacinas desenvolvidas pelos países do BRICS, destacam-se aquelas contra a Covid-19: Sputnik V (Rússia), Covaxin (Índia), CoronaVac (China) e ButanVac (Brasil). No Irã, pesquisadores criaram várias vacinas contra o coronavírus para uso interno: COVIran Barekat e Razi Cov Pars.
Os países também avançam no desenvolvimento de vacinas de nova geração contra tuberculose, dengue e gripe. A Índia e a China investem em plataformas para o desenvolvimento e administração intranasal de mRNA, um ácido nucleico que codifica proteínas. As vacinas de mRNA representam uma abordagem inovadora: elas não contêm vírus atenuados, mas ensinam nossas células a produzir uma proteína, ou parte dela, que desencadeia uma resposta imune quando encontra o vírus.
A África do Sul foca em vacinas contra tuberculose e HIV; a Rússia desenvolve vacinas combinadas contra gripe e covid. O Instituto Butantan, no Brasil, produz vacinas contra raiva, HPV, hepatites A e B, difteria, tétano, coqueluche e gripe, além de colaborar com a China na produção de vacinas contra dengue.
"Hoje, os países do BRICS são mais do que parceiros: são protagonistas da segurança global em saúde. Produzir vacinas é salvar vidas", afirmou Luisa Calvett Costa.
Segundo especialistas internacionais, os países do BRICS possuem os recursos e o potencial mais significativos no combate a epidemias. A Índia produz 60% das vacinas globais e exporta 44 vacinas para mais de 170 países. A China liderou a vacinação contra covid-19, distribuindo 2,1 bilhões de doses em 120 países e organizações. A Rússia, o Brasil e a África do Sul são centros de referência em pesquisa viral e inovação farmacêutica.
Treinamentos de resposta a epidemias
Em abril, foram realizados na Etiópia os primeiros treinamentos de resposta a epidemias com equipes russo-africanas. Epidemiologistas, virologistas, especialistas em diagnósticos laboratoriais, cientistas e profissionais de 15 países da África, da Rússia e de organizações internacionais praticaram ações conjuntas para enfrentar emergências sanitárias e epidemiológicas.
Em 2024, exercícios semelhantes reuniram profissionais de 26 países em Nijni Novgorod, Rússia. Essas práticas de interação em situações de surto constituem mais uma área de cooperação do BRICS na luta contra ameaças infecciosas.
Especialistas alertam que novas pandemias podem surgir repentinamente, provocadas por patógenos desconhecidos. A realização de treinamentos conjuntos, o monitoramento contínuo e o fortalecimento da biosegurança são essenciais para proteger a população dos países do BRICS — e, em escala global, toda a humanidade.
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