Shaolin Wushu: instrumento da diplomacia cultural da China

O Shaolin Wushu, também conhecido como Shaolin Kung Fu, é um fenômeno único que combina artes marciais, filosofia e tradição cultural. De acordo com o jornal chinês People's Daily Online, parceiro da TV BRICS, essa prática surgiu historicamente no ambiente budista do Mosteiro Shaolin, localizado na montanha Songshan, na província de Henan, tornando-se parte da preparação espiritual e física dos monges.

As raízes do Shaolin Wushu remontam ao monge Bodhidharma, que chegou à China vindo da Índia no século VI. Ele desenvolveu um sistema de exercícios para fortalecer corpo e mente, que serviu de base para essa arte marcial. Assim, dentro das muralhas do Mosteiro Shaolin, nasceu uma prática que une treinamento físico, meditação e a filosofia do budismo Chan.

Anastasia Simonova, especialista do Conselho de Cultura do Parlamento da Juventude da Duma Estatal da Rússia, comentou à TV BRICS que hoje o Shaolin é frequentemente chamado de "coração" das artes marciais chinesas — e com razão. Contudo, a tradição marcial chinesa é vasta e diversa: por exemplo, o estilo Taijiquan difere bastante das técnicas dinâmicas e ofensivas do Shaolin Wushu, sendo baseado na suavidade, fluidez e concentração interna.

O Shaolin Wushu não é apenas um método de defesa, mas um sistema completo de aperfeiçoamento pessoal, no qual a força física está subordinada ao controle interior e a princípios morais. Ele inclui artes de combate corpo a corpo, treino com armas, preparação física dos monges Shaolin, práticas para desenvolver força interna, energia e recuperação corporal, além da meditação para harmonizar a consciência.

Segundo Simonova, a singularidade do Kung Fu Shaolin, em comparação com outras artes marciais orientais, está no foco maior no aspecto espiritual do que no esportivo. O Wushu também se tornou um importante elemento da diplomacia cultural chinesa.

"Hoje, o Shaolin Wushu é um símbolo importante da cultura espiritual da China no exterior. Por meio dele, a China moderna transmite à comunidade mundial valores filosóficos, espirituais e morais tradicionais, fortalecendo os laços culturais e atraindo pessoas com pensamentos semelhantes"

Anastasia Simonova Especialista em China

Atualmente, escolas de artes marciais chinesas estão espalhadas pelo mundo. Centros culturais Shaolin funcionam em mais de 50 países, e o próprio mosteiro na montanha Songshan recebe cerca de 7 milhões de visitantes por ano.

Dessa forma, o Shaolin Wushu é não apenas uma parte essencial do patrimônio histórico da China, mas também um fenômeno em crescimento constante que une pessoas de diferentes culturas na busca por disciplina, harmonia e desenvolvimento pessoal.

Fotografia: Xinhua News Agency / China Daily / iStock