Ópera de Pequim – Irina Gold
A ópera de Pequim, ou jingyu, talvez tenha se tornado a forma mais famosa da arte tradicional chinesa. Em 2010, ela foi incluída na Lista do Patrimônio Imaterial da UNESCO. A performance como a vemos no palco hoje é praticamente indistinguível da ópera antiga, embora tenha nascido no final do século XVIII. Ela não atingiu sua forma clássica até meados do século XIX. A ópera de Pequim foi baseada em uma espécie de fusão de vários estilos teatrais antigos, que se desenvolveram separadamente em teatros de distintas províncias.
Se você estiver interessado em conhecer a vida e a cultura durante a dinastia Qing, a ópera de Pequim oferece um vislumbre de 200 anos atrás.
Atualmente, a ópera de Pequim é um verdadeiro cartão de visitas da China. Os turistas são atraídos pelo mistério e pela intensidade da ação no palco. O espetáculo não se parece em nada com o que o público europeu está acostumado. Mesmo que o público não compreenda totalmente a linguagem única dos artistas, o espetáculo é colorido e diferente de qualquer outra coisa, cativando a atenção.
O que também é importante é a maneira pela qual a ópera nacional de Pequim preserva as tradições culturais. Ela conta apenas as histórias dos heróis populares da China. O repertório consiste, em sua maior parte, de histórias sobre as primeiras dinastias, a vida de eminentes imperadores ou bravos generais, ou simplesmente sobre eventos históricos significativos. Curiosamente, os protagonistas das histórias geralmente são gênios ou belas mulheres do passado.
A própria palavra ópera pode causar confusão. A ópera europeia e o jingyu são bastante diferentes, tanto em termos de execução quanto de conteúdo. Tudo é diferente, desde os figurinos e peculiaridade da atuação, até a duração da apresentação.
Na ópera de Pequim, há necessariamente quatro técnicas de atuação: com os olhos, as mãos, o tronco e os passos. Dessa forma, os atores animam cenas de batalhas de rua ou recriam ruas antigas de cidades chinesas, enchendo-as de eventos que mudam rapidamente. Cada apresentação é única. Por exemplo, pode conter canções, danças, diálogos, acrobacias, música e pantomima. E pode acontecer da peça ser representada por apenas uma pessoa, e nesse caso, o palco em si é minúsculo.
No que diz respeito à técnica de apresentação, a principal diferença está na sonoridade. Na ópera ocidental, o som vem do fundo da laringe, mas no jingyu, vem de sua superfície. A técnica de canto se distingue pelo registro agudo e pela intensidade do som. A voz deve ser forte, preencher todo o salão e soar mais alto do que os instrumentos.
A ópera de Pequim é mais parecida com um musical ou um espetáculo de música. Não é para ser ouvida, mas assistida.
A ópera geralmente dura uma hora e meia. E, tradicionalmente, começa às sete e meia da noite.
Irina Gold, cantora de ópera, especialista em música, vencedora de competições internacionais, vencedora do Grande Prêmio “Voz de Ouro da Rússia”.
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