Achados arqueológicos mostram a evolução de uma antiga cidade chinesa
Escavações no sítio arqueológico das relíquias de Zhouqiao, na província de Henan, no centro da China, lançaram luz sobre a evolução da antiga cidade chinesa de Kaifeng ao longo de cerca de 1.000 anos, afirmam arqueólogos.
Durante as escavações, que já duram quase quatro anos, foram descobertas várias camadas de sepultamentos e relíquias de várias dinastias chinesas.
De acordo com Liu Haiwang, chefe do Instituto de Relíquias Culturais e Arqueologia da província de Henan, os arqueólogos encontraram fragmentos de pontes, cursos d'água, canais, templos, casas, estradas, naufrágios e muito mais.
A idade estratigráfica do local vai da dinastia Song (960 – 1279) à dinastia Qing (1644 – 1911), com camadas claras de restos de diferentes períodos, explicou Liu.
Devido às guerras e às inundações do Rio Amarelo, Kaifeng ficou debaixo de lama e areia muitas vezes ao longo de sua história. No lugar de Kaifeng, existiram seis cidades antigas.
"O projeto de escavação desvendou o mistério das 'cidades em camadas' debaixo de Kaifeng", afirmou Liu.
O sítio arqueológico das relíquias de Zhouqiao tem esse nome devido a uma ponte homônima construída entre 780 e 783, durante a dinastia Tang (618 – 907), no Grande Canal, uma ampla via navegável que liga o norte e o sul da China. Ela era uma estrutura de referência do eixo central da cidade de Kaifeng que, em 1642, foi coberta de areia devido à uma enchente do Rio Amarelo.
As escavações no sítio arqueológico das relíquias de Zhouqiao foram iniciadas em 2018. Até o momento, os cientistas já estudaram uma área total de 4.400 metros quadrados e encontraram 117 sepultamentos e relíquias.
No local, os arqueólogos encontraram restos com características específicas do antigo Grande Canal, enormes afrescos de pedra da dinastia Song, a estrutura praticamente intacta da ponte Zhouqiao da época da dinastia Ming (1368 – 1644), fragmentos de templos e residências do final da Dinastia Ming, além de vestígios de trilhos da Dinastia Qing sobrepostos às estradas da Dinastia Ming.
Os dois murais de pedra da Dinastia Song do Norte (960 – 1127) são os maiores já encontrados no país.
"Os murais de pedra correspondem totalmente aos registros históricos, mostrando a prosperidade e o esplendor da capital Dongjing naquela época", disse Liu, antes de acrescentar que eles também demonstram a requintada arte da arquitetura e da escultura da dinastia Song.
Até o momento, mais de 60.000 relíquias culturais diferentes foram descobertas no local da escavação, incluindo mais de 56.000 itens de porcelana. Eles refletem a dimensão da navegação pelo canal e fornecem informações importantes para entender o desenvolvimento da indústria da porcelana, o intercâmbio entre o norte e o sul e também o desenvolvimento social e comercial na China antiga, apontam os especialistas. As informações são da Xinhua, parceira da rede TV BRICS.
Fotografia: Xinhua