27.10.20
13:28
Cultura
Quando os tradicionais saris fazem arte contemporânea
Os saris, essas tradicionais peças da vestimenta indiana, com seis metros de comprimento cada um, podem vestir, mas também contar histórias. Em julho, em meio à pandemia, Madhu Das, um artista contemporâneo promoveu uma intervenção na qual utilizou 60 saris que coletou de diferentes famílias de uma comunidade local, o vilarejo Hiriyur, no estado indiano de Karnataka.
Os saris foram costurados para formar uma espécie de edredon de 47 metros de comprimento. O projeto “Where are we” fez parte de uma exibição online promovida pela Prameya Art Foundation. O edredon foi exibido do alto da histórica barragem Mari Kanave, no estado de Karnataka. A barragem foi construída pelos britânicos em 1855, e a obra atraiu 5 mil trabalhadores de vilarejos vizinhos e de outras regiões como Pune (cidde no estado de Maharashtra) e Madras (como era chamada a antiga Chennai, hoje capital do estado de Tamil Nadu).
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A construção da barragem acabou promovendo, então, uma intensa migração, o que deu ao local uma cultura única. O edredon, uma intervenção artística que quebra a visão da barragem, reflete o rico mosaico cultural com a mistura das populações da região no processo de construção da barragem no século 19.
Madhu Das chama a atenção para a tensão entre a herança da industrialização rápida que aconteceu no local e as existências frágeis que foram relocadas e empurradas para as sombras da imponente obra de engenharia. Como explicam os organizadores da mostra no site da Prameya Art Foundation , “Where we are” encena um encontro entre o espaço público e estruturas sociais por meio de visões surreais que exploram os mecanismos de poder nas vidas cotidianas aos mesclar memória pessoal e histórica coletiva.
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A Prameya Art Foundation, com sede em Delhi, é uma iniciativa que apoia práticas experimentais e encoraja colaborações transdisciplinares. Prameya significa Conhecimento, em Sânscrito. O nome indica o objetivo da fundação: de encarar a arte como um espaço disruptivo e promover um diálogo sobre o seu futuro.
Plataforma sem fins lucrativos, a fundação é movida pela ideia de que para um contexto artístico sustentável é importante investir em pesquisa artística, projetos curatoriais, iniciativas de arte pública, prática social, colaborações e residências.
Tem como objetivo construir uma base sólida para a prática da arte contemporânea e desenvolver parcerias estratégicas nacionais e internacionais para apoiar os artistas e o seu trabalho. A Prameya Art Foundation foi concebida por Anahita Taneja e Shefali Somani, comprometidas com a divulgação da arte contemporânea no sul da Ásia. Desde 2008, elas apoiam e estimulam práticas experimentais por meio da Shrine Empire, uma das principais galerias de arte contemporânea da capital indiana.
A TV BRICS informa com referência a Beco da India.
Photo: pixabay.com