Avião ou borboleta? Entenda as inspirações de Lúcio Costa para o projeto de Brasília
Avião, cruz, arco e flecha, uma libélula. O que o morador de Brasília enxerga quando olha para o mapa? A pouco mais de seis meses do aniversário de 60 anos da capital, o Jornal Nacional tenta explicar os traços do urbanista Lúcio Costa.
Para tentar explicar a inspiração do traçado urbano de Brasília, "entendedor" tem de sobra. Existe até um nome para esse mapa planejado: é o "plano piloto". Só que esse papo de avião não é unânime. Diante das discordâncias, só mesmo a história para dizer o que, de fato, inspirou o desenho de Brasília, destaca o repórter de tvbrics.com.
Para construção da nova capital do país, que seria inaugurada em 1960, foi feito um concurso em 1957. Mais de 20 candidatos apresentaram ideias. Entre projetos caros, sofisticados, se destacou um, riscado a mão mesmo. Lúcio Costa definiu sua proposta em poucas palavras: "Dois eixos cruzando-se em ângulo reto, ou seja, o próprio sinal da cruz".
“Um eixo das atividades cotidianas, da vida cotidiana das pessoas, o eixo residencial, e um outro eixo que é o eixo monumental, que assegurava o caráter de capital”, explica o arquiteto e urbanista Rogério Andrade. Descobrir que Brasília não é um avião causa surpresas. Por que, então, todos aqueles termos “aéreos”. “O plano piloto é um plano inicial. Não tem nada a ver com piloto de avião”, afirma Rogério.
O que, então, explicaria o surgimento da teoria do avião? A cruz planejada por Lúcio Costa até cabia no "chapadão" do Planalto Central. Mas era necessário adaptar o traçado dela à topografia e, em se tratando de uma cidade, também era preciso pensar no escoamento de água. Para tudo isso dar certo, um dos eixos da cruz tinha que se inclinar. Foi aí que a versão mais famosa do formato de Brasília começou a ganhar asas. Parece ou não parece um avião?
Quem tira todas as dúvidas é o próprio Lúcio Costa, em um texto curto: "Isso surgiu porque, quando a cidade foi inaugurada, a revista ‘Time’, americana, comparou a cidade com um avião. É uma analogia aceitável, mas seria o cúmulo do ridículo planejar uma cidade parecida com um avião. Assim, ela se parece com tudo: cruz, para quem gosta de cruz, libélula, nave espacial ou arco e flecha. Cada um enxerga aquilo que quer”.
Então, que os traços de Brasília, em diferentes ângulos, deixem a nossa imaginação voar.