No fórum da RUDN, foi discutido o uso de tecnologias nucleares para fins não energéticos
O uso de tecnologias nucleares para fins não energéticos foi discutido no primeiro Fórum da Juventude RUDN “Rússia – América Latina: Diálogo dos Futuros Líderes da Indústria Nuclear da Região”. Estiveram presentes 300 estudantes e especialistas de 18 países, incluindo Argentina, Bolívia, Brasil, Venezuela, Costa Rica, Cuba, México, Chile, Equador e muitos outros países sul-americanos.
“Hoje, participam do fórum cientistas e estudantes de 75 organizações – institutos de pesquisa e universidades. Representantes da Rússia, do Brasil e de outros países latino-americanos, apesar de vivermos em continentes diferentes, têm objetivos comuns - melhorar as tecnologias existentes para o desenvolvimento da ciência e da economia dos nossos países. E o desenvolvimento nuclear é uma das vias através das quais se realiza a cooperação entre os nossos países. Medicina, agricultura, espaço - hoje as tecnologias de utilização de átomos pacíficos não são utilizadas apenas no contexto da energia. E o seu estudo permite-nos encontrar opções alternativas para o desenvolvimento industrial”, disse André João Rypl, chefe do departamento de ciência, tecnologia, inovação e ambiente da Embaixada da República Federativa do Brasil na Rússia.
O uso da tecnologia nuclear não se limita à energia. Hoje são utilizados na área de monitoramento radioecológico, para garantir a segurança alimentar no tratamento do câncer e na melhoria de equipamentos médicos. No fórum, estudantes e cientistas contaram como os átomos pacíficos são usados em áreas não energéticas.
“Hoje, a tecnologia nuclear é utilizada em mais de 30 milhões de procedimentos médicos. O urânio 235 é um dos principais isótopos utilizados na medicina nuclear, mas tem a desvantagem de produzir muitos resíduos nucleares. Sugerimos o uso do Molibdênio 99, que pode ser obtido irradiando o Zircônio 96 com partículas alfa. Nossa pesquisa mostra que o uso do Molibdênio 99 permite, por um lado, minimizar a quantidade de lixo nuclear e, por outro, reduzir a dose de radiação humana”, disse sobre a sua pesquisa estudante da Venezuela Villa Pineda Nelson Enrique, graduando da universidade Tomsk Polytechnic.
Inayá Corrêa Barbosa Lima, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, no Brasil, descreveu como o estudo de novos isótopos permite monitorar a situação ambiental na região das usinas nucleares.
“Analisamos sedimentos marinhos próximos a usinas nucleares por meio de espectrometria gama. O potássio 40 e os radionuclídeos permitem monitorar as mudanças na composição dos solos marinhos, o que é especialmente importante para o litoral da região brasileira”, disse Inayá Corrêa Barbosa Lima.
Os participantes do evento concordaram que os representantes das comunidades científicas da Rússia, do Brasil e de outros países da América Latina têm um objetivo comum: aprimorar as tecnologias para o desenvolvimento da ciência e da economia desses países.
Fotografia: RUDN