Adesão da Indonésia ao BRICS: nova etapa no desenvolvimento das relações internacionais - Anastasia Goliakova
O início de 2025 marcou um momento histórico para o BRICS, com o Brasil, na presidência do grupo, anunciando oficialmente a adesão da Indonésia. Essa expansão estratégica não apenas reforça a posição do BRICS no cenário global, mas também simboliza o papel transformador da Indonésia nas relações internacionais.
A jornada da Indonésia para se tornar membro do BRICS foi meticulosamente planejada. A candidatura, aprovada em 2023, refletiu a abordagem cautelosa do então presidente Joko Widodo, que analisou cuidadosamente as implicações dessa integração. Sob a liderança de Prabowo Subianto, a decisão de participação plena foi consolidada, demonstrando o compromisso do país com a cooperação global em temas cruciais como mudanças climáticas, segurança alimentar e saúde.
Como maior nação insular do mundo, a Indonésia possui mais de 17.000 ilhas nos oceanos Pacífico e Índico, o segundo maior litoral do mundo. A república, com mais de 280 milhões de habitantes, não é apenas o quarto país mais populoso, mas também o maior Estado muçulmano, com mais de 300 grupos étnicos.
A importância econômica da Indonésia não pode ser exagerada. O país se posicionou estrategicamente no mercado global, especialmente em recursos fundamentais e manufatura. A Indonésia é um dos principais exportadores de óleo de palma e abriga a maior mina de ouro do mundo. Com políticas industriais focadas no valor agregado, como a proibição da exportação de níquel não processado em 2020 e restrições à bauxita em 2023, o país fortaleceu sua capacidade produtiva.
O relacionamento entre a Indonésia e a China, por sua vez, reflete a dinâmica de mudança da parceria global. O investimento chinês ajudou a transformar o setor de níquel do país, aumentando as receitas do país de US$ 6 bilhões (R$ 36 bilhões) em 2013 para US$ 30 bilhões (R$ 180 bilhões) em 2022. A ferrovia de alta velocidade Jacarta-Bandung, que atende milhões de passageiros, simboliza a cooperação bem-sucedida no âmbito da iniciativa Cinturão e Rota.
Importância geográfica estratégica
Localizada ao longo do Estreito de Malaca, uma das rotas marítimas mais movimentadas do mundo, a Indonésia tem uma posição geográfica estratégica. Cerca de 30% do comércio marítimo mundial passa por esse estreito, e a adesão ao BRICS amplia a influência do grupo nas principais rotas comerciais globais. Essa localização estratégica, combinada com a liderança da Indonésia na Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), abre caminho para uma cooperação regional mais ampla. Outros membros da ASEAN podem seguir o exemplo da Malásia e da Tailândia, que se tornaram países parceiros do BRICS em 2025, fortalecendo ainda mais seus laços com o grupo.
Com a entrada da Indonésia, o BRICS agora representa quase 47% da população mundial, consolidando sua influência nas instituições financeiras internacionais. Essa expansão fortalece a união das economias emergentes e oferece uma plataforma poderosa para promover as prioridades de desenvolvimento no Sul Global.
A participação da Indonésia no BRICS não é apenas uma expansão do grupo, mas um realinhamento estratégico realinhamento estratégico que pode redefinir a dinâmica econômica e política global. A entrada do país no grupo tem o potencial de promover mudanças nas relações internacionais.
Essa expansão histórica não apenas fortalece o poder coletivo do BRICS, mas também sinaliza uma mudança em direção a uma ordem mundial multipolar, na qual economias emergentes assumem um papel central na formação da agenda global. Nos próximos anos, o impacto dessa parceria estratégica provavelmente se tornará evidente à medida que a Indonésia contribuir para o BRICS.
Fotografias: TV BRICS / iStock