Cyril Ramaphosa discursa no Diálogo de Alto Nível sobre Financiamento para o Desenvolvimento
Cyril Ramaphosa, durante a Assembleia Geral da ONU, em sua fala no Diálogo de Alto Nível sobre Financiamento para o Desenvolvimento, apresentou um quadro da situação desde a perspectiva dos países do Sul Global. É o que relata o site do governo sul-africano.
O chefe de Estado da República da África do Sul enumerou os seguintes problemas sérios enfrentados pela comunidade internacional: convergência da crise climática, recessão, aumento de conflitos, degradação ambiental, aumento da insegurança alimentar, aprofundamento da pobreza e níveis inaceitáveis de fome.
Estas questões são particularmente relevantes para os países do Sul Global, em especial do continente africano. Havia uma expectativa de que as camadas mais vulneráveis da população receberiam o apoio necessário.
Entretanto, disse Ramaphosa, "os compromissos internacionais acordados não foram cumpridos. Princípios como as responsabilidades diferenciadas, porém compartilhadas, não foram honrados".
Ele apontou para o fosso crescente entre os países desenvolvidos e o Sul Global, que interfere em todos os aspectos da vida das populações dos países em desenvolvimento.
Referindo-se às iniciativas já em andamento de ajuda aos países necessitados, o líder sul-africano afirmou:
"Um crescimento sustentável e inclusivo exige mais. Devemos fortalecer e reformar a arquitetura financeira internacional. As economias emergentes devem participar de forma igualitária e significativa na tomada de decisões sobre a ordem econômica internacional.
Os mandatos dos bancos multilaterais de desenvolvimento devem ser reformulados, visando atender às necessidades dos países em desenvolvimento. Devemos afirmar o princípio das responsabilidades nacionais".
Ramaphosa pediu compreensão, e que se leve em conta os dados objetivos sobre as necessidades e possibilidades dos países desenvolvidos e em desenvolvimento no funcionamento do sistema tributário internacional.
"Os bancos multilaterais de desenvolvimento devem apoiar projetos e programas alinhados com as prioridades de desenvolvimento e os compromissos climáticos desses países.
É preciso mais inovação, para permitir que o setor privado desempenhe um papel mais importante na resolução dos problemas com os déficits fiscais. Isso inclui uma nova abordagem para um financiamento combinado, com foco no impacto do investimento sobre o desenvolvimento", disse ele em seu discurso.
O presidente sul-africano enfatizou ainda a importância decisiva do financiamento público para o desenvolvimento dos países.
Ramaphosa chamou os países desenvolvidos a "cumprirem seu compromisso de alocar pelo menos 0,7% de sua renda nacional bruta para assistência oficial ao desenvolvimento. Eles também precisam cumprir seu compromisso de mobilizar US$ 100 bilhões por ano para combater as mudanças climáticas".
Fotografia: Flickr